Inteligência emocional: o que é e como desenvolver

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Atualmente vivemos em um mundo frenético. Muitas atividades, dias corridos e cada vez menos tempo para olharmos para dentro de nós e nos perguntarmos como precisamos ser melhores como pessoas. Muitas doenças estão tomando conta do nosso século, depressão, estresse, ansiedade entre tantas outras e ninguém se pergunta o motivo de cada uma delas ter passado a existir com tanta frequência. Será que a inteligência emocional poderia ser uma solução para essas novas enfermidades? Se desenvolvêssemos a inteligência emocional, teríamos atividades realizadas com mais qualidade e em menos tempo? Daríamos realmente valor ao que de fato é importante em nossas vidas?

Para seguirmos adiante, precisamos entender o que é inteligência emocional. Para a psicologia, inteligência emocional é um conceito que descreve a capacidade de reconhecer a avaliar os nossos próprios sentimentos e o das outras pessoas, assim como a capacidade de lidar com eles. Se formos buscar um conceito na filosofia, inteligência emocional seria uma competência responsável por boa parte do sucesso e a capacidade de liderança de um ser humano. Muitos foram os estudiosos que dependiam seu tempo para conceituar a inteligência emocional. Podemos citar alguns nomes como Charles Darwin, o psicometrista Robert L. Thorndike, David Wechsler, Daniel Goleman, este último, considerado o “pai” da inteligência emocional, que após escrever o livro Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente, neste, o autor a inteligência emocional como “…capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos.” , podemos ver que o assunto é extenso e com muitos vieses para serem explorados.

A inteligência emocional tem a capacidade de dar ao indivíduo o seu sucesso ou o seu fracasso. Todas as nossas relações são com pessoas, seja na família, seja no ambiente de trabalho. Pessoas que possuem inteligência emocional desenvolvida correm o grande risco de obter sucesso, uma vez que os sentimentos não controlam o indivíduo em determinadas situações, mas o contrário, ele possui o controle de suas reações e sentimentos em relação aos acontecimentos diários. O próprio Daniel Goleman diz que a inteligência emocional pode ser categorizada por cinco habilidades, das quais três são intrapessoais (autoconhecimento emocional, controle emocional e automotivação) e duas são interpessoais (reconhecimento de emoções em outras pessoas e habilidades de relacionamento interpessoal). Elas são utilizadas no nosso dia a dia de forma sistemática e integram todo o processo de desenvolvimento e formação do ser humano.

O autoconhecimento emocional seria reconhecer os sentimentos e as próprias emoções quando elas ocorrem. Por exemplo, quando você está muito cansado e seu filho de 4 anos quer brincar e parece que a pilha dele não desliga nunca e você dá um grito gigante dizendo “MENINO, VAI DORMIR, EU PRECISO DESCANSAR!!!”. Houve aí um não reconhecimento do que realmente estava acontecendo. A questão não era seu filho, e sim você, que estava esgotado por mais um dia de trabalho talvez, mas essa falta de clareza tornou a situação ainda mais complexa. Como alguém que possui o autoconhecimento emocional agiria? De forma simples, racional e equilibrada: “Filho, o papai está muito cansado hoje e não consegue se concentrar para brincar com você. Vamos dormir agora e amanhã o papai promete estar melhor para brincar.” Olha quanta diferença no diálogo. Isso é extraordinário!!! E com esse mesmo comportamento você já utilizou uma outra habilidade, que seria a do controle emocional adequado a situação vivida naquele momento.

Já a automotivação é a capacidade de motivar a si mesmo através de estímulos internos, ou seja, é aquela pessoa que age, corre atrás do que quer, não espera acontecer. Faz tudo de forma eficaz e com qualidade. É algo interno, muito mais forte e contínuo do que qualquer outro estímulo externo, inclusive porque este pode acabar a qualquer momento e o aquele não. Aqui existe prazer em realizar as atividades, cada conquista é celebrada e não há carga de obrigação.

O reconhecimento das emoções em outras pessoas tem muito a ver com a empatia, em outras palavras, a capacidade de nos colocarmos no lugar delas, sem julgamentos, principalmente, fazendo com que aquele sentimento também traga benefícios para todos. E as habilidades de relacionamento interpessoal seriam as habilidades desenvolvidas para interagir com outras pessoas. Essas duas habilidades são de extrema importância para organizações grupais, negociações e mediações de conflitos, desenvolvimento da empatia e da sensibilidade social, pontos de destaque para quem trabalha até com gestão empresarial.

Apenas falar sobre o conceito de inteligência emocional e suas habilidades não seriam suficiente, precisamos aprender a desenvolver e colocar em prática o conceito para que seja conquistado todos os dias até que se torne um hábito. As pesquisas já mostram que podemos reprogramar nossas respostas e reações em relação ao que sentimos, podemos alterar a maneira como pensamos em relação ao fato que nos fez sentir de determinada forma e, portanto, alterar nosso comportamento. Vamos ao desenvolvimento?

  1. Observe seu corpo e comportamento: veja como você age quando sente uma determinada emoção e o impacto disso na sua vida. Ao identificar isso, fica mais fácil começar a modificar o comportamento. O seu corpo também pode te dar sinais quando passa por algum evento emocional.
  2. Diminua os sentimentos/emoções negativas: você não tem apenas dois caminhos para seguir. Um bom e um ruim. Existem muitos e se você tiver controle dos sentimentos negativos, você terá uma gama maior de saídas para as dificuldades. Uma dica é colocar tudo no papel, com pontos positivos e negativos para fazer uma posterior análise.
  3. Estresse e ansiedade: se você não controlar, eles vão controlar você. A primeira coisa a se fazer é perguntar o que você ganha se estressando e ficando ansioso. Isso irá resolver a situação de fato? Se não, respire, tome água, saia do ambiente, faça algum exercício e depois retorne para resolver o conflito.
  4. Evite os julgamentos: cada um de nós possui a sua verdade absoluta. Você pode estar certo (ou errado) dentro da sua régua. O processo de mudança é gradual e precisa ser realizado diariamente. Quando você julga menos o outro, automaticamente julga menos a si mesmo.
  5. Ouvir, analisar e responder: reagir é um processo inconsciente onde há gatilhos emocionais e comportamentais. Identifique esses gatilhos antes de reagir. Ouvir e analisar para só depois responder é um ótimo exercício para controlar a impulsividade.
  6. Praticando a empatia: comece por você. Pergunte-se o motivo pelo qual você está se sentindo ou se comportando dessa maneira. No início a resposta será “eu não sei”, mas não se intimide. O ser humano tem preguiça de pensar e faz tudo muito no automático. Continue se perguntando e identifique o que acontece de fato com você. Fazendo isso consigo mesmo será mais fácil de aplicar com o próximo, pois você estará mais sensível e aberto.
  7. Exerça a gratidão: um ambiente positivo e grato contagia as pessoas ao seu redor. Comece a agradecer por tudo de bom, positivo que você tem e/ou conquistou. Mudanças extraordinárias irão acontecer. Acredite!!!!
  8. Mude devagar – a direção é mais importante que a velocidade: reconheça os seus limites. Não adianta acordar e querer mudar tudo de uma única vez. Mude devagar. Uma coisa de cada vez, com frequência e habitualidade. Lembre-se que você pode discordar sem se sentir culpado, assim como dizer não, estabelecer suas prioridades e estar protegido de coações. Se necessário for, mude o foco. Você deve prestar atenção para dentro, mas também precisa estar presente no mundo externo. Equilibre-se!

Resumindo, se alteramos as emoções, os pensamentos, os comportamentos, consequentemente iremos conseguir alterar os nossos resultados. O desenvolvimento das competências emocionais pode nos ajudar no trabalho, na vida pessoal e em todas as áreas da nossa vida também. Ao desenvolvermos a inteligência emocional estaremos nos tornando melhores como pessoas, como cidadãos e quem sabe, algum dia, seremos uma sociedade mais justa e humana.

Isabelle Medeiros

Graduada em Administração. Especialização em Gestão e Desenvolvimento de Pessoa. Atua como Coaching individual e profissional. 

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