Geoprocessamento: um campo vasto e inovador

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O que é “Geoprocessamento” e o que ele é capaz de fazer?

Geoprocessamento é o conjunto de técnicas e metodologias que envolve aquisição de dados geográficos (por meio da Topografia, do Posicionamento por Satélites, Sensoriamento Remoto), seu processamento (mediante técnicas trazidas pelos Sistemas de Informação Geográfica) e sua representação (sobretudo por meio de mapas temáticos, mas também através de gráficos, relatórios estatísticos, ortofotocartas e modelos digitais do terreno), para uma determinada finalidade de gestão (de um município), legalidade (de uma propriedade rural, por exemplo) ou pesquisa (localização apropriada para observatórios). Atua prioritariamente sobre o “Onde”.

Na Engenharia, é fundamental para trabalhos que necessitem de um georreferenciamento de uma área, ou seja, atribuição de um sistema de coordenadas geodésico e de um sistema de projeção. É útil sobretudo se levarmos em conta a associação entre a Engenharia e o Planejamento Urbano. De acordo com Paulo Eduardo Teodoro (Geoprocessamento e sua importância na engenharia, 2012): “O estágio atual das geotecnologias permite fazer uma análise espacial que combine o mapeamento dos problemas urbanos com informações físicas, demográficas, geográficas, topográficas ou de infraestrutura.”. E de que forma isso seria possível? Através de:

  • Métodos de aquisição de dados geográficos, sobretudo a partir de imagens de satélite ou de drones, e de Posicionamento GNSS (sistema que reúne o americano GPS e o russo GLONASS);
  • Métodos de processamento computadorizado a partir de softwares com ferramentas de Sistemas de Informação Geográfica;
  • Base de Dados Geográfica atualizada, íntegra e persistente com interface para consultas simples para o usuário;
  • Mapas temáticos e Modelos Digitais do Terreno;

Na área ambiental, tem utilidade para a delimitação de Áreas de Preservação Permanente no entorno de rios, afluentes e topos de morros. Também para os casos de impacto ambiental perante a construção, por exemplo, do reservatório da Usina de Santo Antônio, no Rio Madeira  (BOEIRA et al. 2015). Isso possui conexão com a análise de áreas de risco, buscando-se informações fidedignas e atualizadas para gestores e população tomarem conhecimento dos riscos de habitação em determinadas áreas em determinados períodos.

Há também o mapeamento de uso e ocupação do solo, com diversas finalidades: desde a obtenção de curvas de nível e ortofotocartas, até produtos da restituição fotogramétrica, como é o caso de diversas camadas de desenho, englobando cobertura vegetal, asfáltica, além de mapas de elevação e de declividade – extraindo-se áreas e volumes, para os mais diversos fins. Para isso, o auxílio dos Veículos Aéreos Não-Tripulados (VANTs), os famosos drones, equipamentos que levam consigo os sensores que irão registrar, em voo, imagens digitais, que são matéria-prima para os softwares de processamento aerofotogramétrico, que permitem uma aerotriangulação e a geração de Modelos Digitais do Terreno e Ortoimagens. Ana Flávia de Oliveira explica  sobre os drones e geração de fotografias digitais, que: “Dentre as vantagens oferecidas por estes sistemas, quando comparados aos mais convencionais – como a aerofotogrametria realizada por aeronaves tripuladas -, podem ser destacados a melhor resolução espacial das imagens e maior flexibilidade para a aquisição dos dados.”  (Mapeamento com Drones possui vantagens e desafios a serem enfrentados. Entenda, 2017)

Outro exemplo, são os projetos de pesquisa de centros como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado da Paraíba, no campus João Pessoa, reunindo professores e alunos, que buscam contribuir para a Ciência e a Tecnologia de nosso País. Bem como o setor militar, que possui um Geoportal (Geoportal do Exército Brasileiro) e um Banco de Dados Geográficos. Ainda há outras instituições como o INPE – (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). E os internacionais, como a USGS, entre outros.

O Geoprocessamento e suas geotecnologias aceleram o mundo, tornam tudo mais próximo, em diferentes camadas de informação. Em termos práticos, já temos acesso ao produto desse tipo de trabalho em nosso cotidiano, como o Google Earth e os aplicativos para motoristas.

Entretanto, apenas apresentar esse conjunto de informações não é suficiente. É necessário que percebamos que tanto os fenômenos, que possuem um lugar e/ou rota, como diferentes profissões, beneficiam-se do Geoprocessamento.

Além do geógrafo e do engenheiro, também o sociólogo, que pode estudar as dinâmicas urbanas, aplicando a analogia entre diferentes espécies numa paisagem inóspita e diferentes tribos urbanas numa paisagem urbana. Associando técnicas parecidas para propósitos variados. O biólogo e o estudo sobre diferentes espécies e seus locais nativos, ou eventuais invasões de espécies em locais distintos. O agricultor e a agricultura de precisão, para controle de pragas e determinação do melhor lugar e momento para a melhor safra, com o uso de drones – mais econômicos que a compra de imagens de satélite ou o aluguel de um avião para Fotogrametria Aérea.

Os sócios de um escritório de advocacia, que necessitam saber qual a melhor área de uma cidade para operar seus negócios e quais áreas a evitar. O geólogo e o estudo sobre diferentes tipos de solo. Uma Secretaria de Segurança para o mapeamento de ocorrências criminais numa área. Um instituto de pesquisa eleitoral, para mapear tendências no voto, de acordo com o lugar. O astrônomo e gestores para a construção de um Observatório no local que apresente melhores condições, combinando-se diversos fatores. A Marinha e o conhecimento sobre as melhores e piores rotas de navegação. Enfim… tendo um objetivo claro, tecnologias para captação de dados geográficos, e os Sistemas de Informação Geográfica, e dominando o mapeamento temático e a construção de modelos digitais é possível realizar verdadeiras façanhas – com a união de equipes multidisciplinares em prol de fenômenos variados.

O campo é vasto e sofre rápidas mudanças. Nessa constante atualização, é inovador. Pois envolve dinâmicas e especialistas que sabem usar a Matemática e a Geografia, aliadas às geotecnologias já prontas e softwares poderosos e, muitas vezes, gratuitos, para tornar nossas vidas melhores.

João Batista Firmino Júnior

Mestre em Comunicação e graduado em Geoprocessamento. Vem atuando em Pesquisa em Fotogrametria Aérea no Instituto Federal da Paraíba (IFPB).

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